Notas
Veja o que pode mexer com o mercado da soja na próxima semana
O clima sobre no cinturão produtor norte-americano e os movimentos de vendas dos EUA para o mercado exportador devem ficar no radar dos produtores rurais brasileiros
O mercado da soja deve continuar digerindo os números do último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) enquanto aguarda pelos novos capítulos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O clima no cinturão produtor norte-americano e os movimentos de vendas dos EUA para o mercado exportador também devem chamar a atenção.
Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na próxima semana. As dicas são do analista Luiz Fernando Roque, da consultoria de Safras & Mercado.
- O USDA trouxe surpresas ao indicar cortes além do esperado para a produção e os estoques norte-americanos da temporada 2019/2020. A nova estimativa trouxe expectativa de safra próxima de 100 milhões de toneladas, enquanto o mercado esperava por uma produção em torno de 103 milhões de toneladas. Além disso, os estoques foram rebaixados para 20 milhões de toneladas. Já para a temporada atual, que se encerra em 31 de agosto, o USDA trouxe uma nova elevação para os estoques.
- O relatório, embora tenha trazido números mistos, foi considerado altista pela maior relevância dos cortes. Apesar disso, o mau humor do mercado financeiro diante do acirramento da guerra comercial e de temores com o crescimento da economia mundial impediram a valorização na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT);
- O mercado também continua sentindo o peso dos grandes estoques norte-americanos. Apesar do corte na projeção, ainda se trata de estoques de 20 milhões de toneladas nos EUA. Além disso, a falta de compras chinesas de soja norte-americana impede um maior ‘alívio’ para os altos estoques. Tal fator permanece sendo decisivo para explicar a ausência de força positiva na bolsa internacional. Sem um acordo comercial ou novas compras volumosas de soja dos EUA, Chicago deverá continuar pressionado. Há cada vez menos esperança de que o esperado acordo comercial será assinado em 2019;
- A pressão negativa em Chicago contrasta com prêmios de exportação em elevação no Brasil. A tendência continua sendo positiva para os prêmios diante da manutenção da demanda chinesa em nossos portos nos próximos meses. Além disso, o mau humor do mercado financeiro trouxe uma forte valorização ao dólar. A combinação de prêmios fortes e dólar em alta trazem oportunidades que podem ser aproveitadas pela ponta vendedora. A ponta compradora também deve estar atenta para garantir suprimento para o final do ano a preços não tão elevados.
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