Notas
Soja começa a apodrecer nos EUA com armazéns cheios e falta de demanda
As vendas de grãos seguem travadas nos Estados Unidos neste momento. Nos atuais níveis de preços não se vende milho, tampouco soja e os produtores seguem aflitos no planejamento de sua nova safra, bem como de olhos bem atentos à toda e qualquer notícia que possa mudar a direção das relações entre a China e os Estados Unidos.
Enquanto os dois países não encontram uma solução, os silos norte-americanos já não dão conta de tanto produto a ser estocado e em algumas partes dos EUA a produção já começa a apodrecer e perder qualidade por não estar estocada de maneira adequada.
O volume de soja estocada pelos produtores americanos é recordes e eles esperam deseperadamente por uma melhora das cotações. Até o último dia 22, de acordo com números de uma pesquisa feita pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), eram 3,7 bilhões de bushels nos silos americanos, 18% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Somente no estado de Minnesota, eram 339 milhões de bushels, volume 10% superior ao de 2018. «E isso me parece uma estimativa mais baixa do que o real», disse Bob Zelenka, diretor executivo da Minnesota Grain and Feed Association ao portal internacional StarTribune.
Estes são os maiores estoques de soja norte-americanos em 12 anos. Durante o Agricultural Outlook Forum, realizado no fim de fevereiro, o economista chefe do USDA Robert Johansson, disse que «o país levaria ainda muitos anos para desfazer estes estoques».
Na imagem da Reuters, de 25 de outubro, um produtor americano utilizada um de seus barracões adaptados para estocar milho diante da falta de espaço em seus silos por conta da comercialização lenta
Afinal, em dezembro do ano passado, os EUA exportaram apenas 4,1 milhões de toneladas de soja, segundo números reportados nesta quarta-feira, o menor volume desde 2007.
E apesar de os EUA contarem com uma considerável capacidade de armazenagem e apenas parte destes volumes não estarem silos ou estruturas semelhantes, as condições de clima e a dificuldade de «movimentação» destes grãos tem tirado, dia a dia, sua qualidade. A pequena vantagem com que contam agora é o inverno, o qual deverá se alongar um pouco mais este ano.
«Os produtores têm de estar mais vigilantes à manutenção da qualidade dos grãos que possuem em suas fazendas. Nossa vantagem agora é o inverno, ao menos nos quesitos insetos e mofo, estas não têm sido preocupações agora até que o tempo fique um pouco mais quente», disse Zelenka.
Com isso, há alguns meses algumas estações recebedoras de grãos – os chamados elevators – pararam de receber novos volumes de soja nos estados da Dakota do Sul e Dakota do Norte por não terem como transportá-los, em parte, por falta de demanda, como relatou ao Notícias Agrícolas o analista sênior da Price Futures Group, Jack Scoville.
E o executivo acredita que ainda haja alguns estados com grãos fora dos silos entre os principais produtores norte-americanos, principalmente, naqueles mais frios, como Iowa e Minnesota, e alguns locais das Dakotas. «Nesses locais eles conseguem manter melhor e com mais eficiência a qualidade, porém, precisam ser movidos ou estocados antes que comece a esquentar», diz.
Sem alternativas, os produtores americanos seguem aguardando uma resolução da guerra comercial, que já se estende por um ano, e uma melhora considerável dos preços para que possam voltar ao mercado de forma efetiva. Até lá, só conseguem enxergar seus estoques sem qualquer mudança.
Entretanto, ainda como explica Scoville, os agricultores americanos poderiam começar a vender um pouco mais na medida em que mesmo apenas pequenos rallies comecem a ser observados na Bolsa de Chicago na necessidade de abrir espaço em seus armazéns para a nova safra que será colhida em alguns meses.
«Agora, isso é mais provável que aconteça para o milho do que para a soja. E os produtores podem sim vender a preços que não lhe sejam interessantes caso a situação fique ainda pior. Muitos seguem esperando para ver o que acontecerá com o acordo com a China», acredita o analista. E esse é mais um fator que entra na conta dos produtores para a definição da área da próxima safra.
Em entrevista à Reuters Internacional, a produtora de soja Lorenda Overman, da Carolina do Norte, relata que tem tido prejuízos em suas vendas e atrasado o pagamento de seus funcionários desde o início da guerra comercial. E afirma que seus débitos, até este momento, já chegam a US$ 2 milhões.
Números China x EUA
A China, como maior compradora mundial de soja e fora do mercado dos EUA, tem gerado comparações preocupantes para o comércio norte-americano da oleaginosa.
Segundo números do USDA compilados pela colunista da Reuters Internacional, Karen Braun, mostram que de setembro a dezembro de 2018, foram enviadas à nação asiática somente 475 mil toneladas de soja, o menor volume para o período desde 1995.
«Até o último 21 de fevereiro, a China respondeu por um total de 9,22 milhões de toneladas de soja dos EUA da safra 2018/19. Em teoria, essa trajetória pode não ser tão ‘triste’ nos próximos meses, contanto que essas compras não sejam canceladas. Mas a temporada 2018/19 já está marcada como um triste ano comercial para os EUA», diz Karen.
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