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É bom fazer hedge da produção agrícola?

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É bom fazer hedge da produção agrícola?
Explica como funciona o hedge e os elementos que devem ser analisados para a decisão de se fazer ou não a proteção de preços
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A operação de hedge (ou cobertura) tem como objetivo fixar o valor de um pagamento ou recebimento futuros, na moeda escolhida. Como exemplo, podemos pegar um agricultor, que produz soja, e que tem como expectativa colher 10mil sacas em sua fazenda. Hoje a soja em sua região está cotada a 55,00 reais, mas ele só irá colher em 6 meses.

Nesse momento surgem algumas questões como: Quanto vai estar a saca de soja no momento da venda? Será que terei dinheiro suficiente para pagar todas as despesas e ainda ficar com lucro? E se o preço da soja cair muito? É exatamente para resolver essas questões que existem as operações de hedge. Esse agricultor poderá vender parte ou toda a sua produção a termo, ou seja, poderá fixar o preço hoje para entrega em 6 meses, e garantir o recebimento de um montante fixo de reais.

Com isso ele garante que conseguirá pagar seus custos e sua margem de lucro. Existe também os mercados futuros para essa fixação. E como é formado esse preço da saca de soja em 6 meses? Existem dois componentes para a formação desse preço. O primeiro é o preço da soja no mercado futuro de Chicago (CBOT) que tem uma cotação em dólares e o segundo é o preço do dólar futuro para o mesmo prazo aqui no Brasil.

A primeira operação vai nos dar a quantidade de dólares que receberemos por nossa produção se soja, e o segundo preço vai fixar a quantidade de reais. Esse produtor também poderá decidir se ele fixa somente o preço da soja em dólares, e fica exposto a variação do dólar aqui no Brasil, ou se fixa os dois preços. Essa mesma lógica funciona para a maioria das commodities que são cotadas em dólares. E respondendo à pergunta do título: É bom fazer hedge da produção agrícola?

A resposta é, depende! Existe uma série de questões que precisam ser analisadas para se tomar essa decisão. No caso desse agricultor, ele precisa analisar se seus custos estão todos em reais, se ele tem dívidas em dólares ou indexada a sacas de soja, se no momento da decisão o preço futuro está gerando uma margem adequada ao risco que ele corre com a atividade, se ele tem uma situação financeira sólida para aguentar uma queda nos preços.

Precisa quantificar também a chance de uma quebra de safra em sua região, cálculo que poderá ser feito olhando o histórico de safras passadas. Por exemplo, se ele sabe que, na safra seguinte terá que comprar insumos (adubo, sementes, fertilizantes) que tem seus preços indexados ao dólar, ou a sacas de soja, deverá deixar essa parcela da produção sem hedge, pois assim estará correndo menos riscos. Enfim, infelizmente não existe uma fórmula mágica para se tomar essa decisão, pois as variáveis são muitas e, portanto, é essencial a análise da situação particular de cada produtor.

FONTE: Marcos Archina

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