Notas
Cientistas já testam remédio anticovid; Brasil vai iniciar análise de dois soros
Os principais objetivos das novas terapias são reduzir as internações e as mortes causadas pela doença. Diferentemente de antibióticos, que em geral podem ser usados contra vários tipos de infecções bacterianas, os medicamentos contra um tipo de vírus dificilmente funcionam no combate a outros. Os vírus são muito mais diversos, e têm menos proteínas próprias em comum que possam ser usadas como alvo genérico.
Para um remédio funcionar, ele precisa atingir um «alvo» – geralmente, uma proteína. Isso é particularmente difícil com os vírus, que se replicam dentro das células humanas. Assim, fazem os mecanismos celulares trabalharem a favor deles. Para ser eficaz, o medicamento precisa entrar nas células infectadas e atacar o vírus. Mas deve fazê-lo sem destruir seu hospedeiro.
Alvejar o vírus antes que entre na célula é outra estratégia possível. Mas não é simples: o invólucro do vírus é extremamente robusto e protege o seu material genético. Destruir esse invólucro e expor esse material pode ser tóxico ao organismo humano.
Outro problema é que, enquanto as drogas demoram muito tempo para serem desenvolvidas, os vírus sofrem mutações muito rapidamente. Podem, portanto, desenvolver resistência aos medicamentos. Ainda assim, existem vários antivirais eficazes – como os contra HIV, influenza e hepatite C.
Comprimidos
Um dos projetos mais avançados é o da MSD em associação com a empresa de biotecnologia Ridgeback Biotherapeutics. O composto se chama molnupiravir. Foi inicialmente desenvolvido contra a Sars e a Mers. Em estudo de fase 2, o medicamento foi bem tolerado em humanos – tomado na forma de comprimido, duas vezes ao dia durante cinco dias.
A MSD espera ter os primeiros resultados entre setembro e outubro. «Os dados de estudos fornecem evidências convincentes para a atividade antiviral do molnupiravir», afirmou a diretora médica da MSD no Brasil, Márcia Abadi.
Outro projeto é da farmacêutica Roche em parceria com a Atea Pharmaceuticals. O medicamento também oral está sendo testado em 1,4 mil pessoas na Europa e no Japão. Os resultados também devem estar disponíveis até o fim deste ano, para aprovação dos órgãos reguladores. Como o da MSD, esse remédio deve ser tomado no início da infecção por cinco dias.
Já o medicamento oral em desenvolvimento pela Pfizer foi chamado de PF-07321322. É um inibidor de protease (espécie de enzima), como os usados contra o HIV. Foi desenvolvido especificamente contra o Sars-CoV2. Também já está sob testes em seres humanos.
Os primeiros resultados são esperados até o fim deste mês. O objetivo desse medicamento também é impedir que a doença se agrave. Deve ser administrado no início da infecção.
Outra vantagem desses antivirais é que eles poderiam ser usados também na prevenção da doença. Por exemplo, por pessoas que tenham tido contato com nenhum infectado.
Especialistas acreditam que a administração precoce dos novos medicamentos pode ser essencial para impedir o avanço da covid.
Anticorpos e soro
A Boehringer Ingelheim tenta outra abordagem. Trata-se da produção de anticorpos monoclonais (fabricados em laboratório, a partir de células vivas).
«Quando pensamos em tratar uma infecção viral existem duas estratégias: agir diretamente no vírus, nas proteínas que auxiliam na replicação viral, ou impedir o vírus de entrar na célula», explicou a diretora médica da Boheringer, Thais Gomes de Melo.
Os cientistas identificaram no plasma de pacientes com covid anticorpos específicos que atuam na proteína S do vírus, que permite a sua entrada na célula. Esses anticorpos foram replicados sinteticamente em laboratório para o desenvolvimento do tratamento.
No caso do produto da Boheringer, a administração será por inalação. O processo garantiria concentrações mais altas no pulmão do paciente. Os testes de fase 3 em seres humanos começam em setembro em 40 países, incluindo o Brasil.
No País, o Instituto Butantan, em São Paulo, e o Instituto Vital Brazil, no Rio, desenvolveram soros que podem ser aplicados tão logo o paciente apresente os primeiros sintomas. São feitos a partir do isolamento de anticorpos desenvolvidos por pacientes contra o Sars-CoV-2 e de sua replicação em modelos animais – cavalos, por exemplo.
Os dois institutos se preparam para o início dos testes em seres humanos. «O que a virologia nos ensinou nos últimos 40 anos é que, com esses vírus de alta mortalidade, os coquetéis costumam ser mais eficientes do que apenas uma droga; é o que acontece com o HIV e com o vírus da hepatite C», explica o virologista Thiago Moreno, da Fiocruz, cujo laboratório estuda o reposicionamento de alguns antivirais usados nesses coquetéis para o tratamento da covid-19. «Acho muito difícil que um único medicamento seja capaz de curar a covid. Mas acho que uma ambição que dá para almejar é uma redução das internações e da mortalidade. Acho que esse é o grande desafio a curto prazo.» As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
-
Nacional2 semanas hace
En un balé armonioso, las campanas de Notre-Dame volvieron a repicar en París
-
Nacional2 semanas hace
Gobernaciones fortalecen sus capacidades institucionales en taller de comunicación con apoyo de Mitic Y Unops
-
Internacional2 semanas hace
O erro que deu início à internet
-
Nacional2 semanas hace
Itaipu insta a respetar la veda pesquera para preservar diferentes especies acuáticas