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BR:Mesmo com bons salários faltam operadores de máquinas agrícolas

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Além dos diversos problemas que afetam a agricultura, um em especial tem tirado o sono dos produtores: a falta de mão de obra. Para José Vicente Ferraz, diretor técnico da FNP, empresa de consultoria em agronegócio, o problema surge da educação, quando não há pessoas capacitadas a operar máquinas, por exemplo.
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«O problema vem de base. Hoje, falta gente que saiba ler o suficiente para entender o manual de uma máquina», contou em entrevista durante o Mega Agro, na última sexta-feira (28/11). Segundo ele, o problema é mundial. «Os jovens não querem mais o campo», constatou. «Nos Estados Unidos, o governo tem dado terras agricultáveis para os mais novos. Quem está no campo hoje tem cerca de 80 anos. Quem vai substituir essas pessoas?».

A educação de base deficiente é a principal responsável. Ferraz aponta que hoje há muitos analfabetos funcionais e que as medidas devem vir do governo, preparando sucessores do campo desde pequenos, em escolas de qualidade. «A coisa é estrutural, falta base. Se você vai ao Piauí ou Maranhão, você chora. Não se investe em educação».

Não dá para o setor privado investir em educação tardia, pois é muito caro. Em até dez anos, a situação deve se agravar com o crescimento da agricultura empresarial. Os produtores investem em maquinário, mas na hora de operar, não há ninguém, mesmo com um salário médio de R$ 3.500. «É um desastre. A tecnologia vai exigir ainda mais o pessoal mais qualificado», alerta Ferraz.

A tecnologia das fazendas faz com que a mão de obra seja melhor aproveitada, com um funcionário operando diversas máquinas ao mesmo tempo (em campo ou remotamente). Mas só isso não é o suficiente. «Hoje não é mais ficção científica falar que há gente operando máquinas de São Paulo ou Rio de Janeiro, à distância. É preciso adaptar a tecnologia para a falta de mão de obra».

Agricultura familiar

Ferraz aponta que na agricultura de menor escala, os problemas chegam a ser ainda mais preocupantes. É preciso repensar tecnologias que sejam ideais para estas proporções e que rendam produtividade mesmo sem ter gente qualificada na fazenda. «A pequena propriedade está cada vez mais inviável. Não tem sentido focar em pequenos produtores, no ponto de vista econômico e de qualidade de vida», disse Ferraz.

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