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Uma dieta que imita o jejum para combater o câncer

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O italiano Valter Longo, bioquímico e Ph.D. em neurobiologia, divide seu tempo na direção de dois institutos: o de Longevidade da Faculdade de Gerontologia da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, onde também leciona; e o de Oncologia Molecular, em Milão. Apontado pela revista “Time” como uma das 50 pessoas mais influentes na área da saúde, sua cruzada é para mostrar o papel crucial da alimentação na prevenção e no tratamento contra o câncer. Em “Desnutrir o câncer, nutrir o paciente” (Editora Cultrix), Longo reúne pesquisas, programas experimentais e depoimentos para mostrar que o jejum controlado, longe de enfraquecer o doente, é um poderoso aliado no combate à enfermidade. Para quem acreditar estar diante de um professor aloprado, ele escreve no livro:

“Normalmente, estimula-se que o paciente coma de tudo e em maior quantidade, esperando que esse alimento em excesso compense a perda de peso e de massa muscular provocada pela doença e pelas terapias. Se em alguns casos essa superalimentação pode trazer vantagens, em outros as células que quase sempre se beneficiarão serão as tumorais”.

O professor Valter Longo, diretor do Instituto de Longevidade da Faculdade de Gerontologia da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles — Foto: Divulgação

O professor Valter Longo, diretor do Instituto de Longevidade da Faculdade de Gerontologia da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles — Foto: Divulgação

O que o cientista sugere é justamente não fornecer combustível para a multiplicação de células tumorais. Um protocolo de jejum controlado ou de dieta que imita o jejum só deve ser feito com a devida supervisão e nunca substituindo o tratamento tradicional. “As mutações na sequência do DNA das células tumorais aumentam sua capacidade de crescimento, mas, ao mesmo tempo, tornam difícil sua sobrevivência em condições desconfortáveis, como o duplo ataque lançado pela falta de alimento e pela quimioterapia”, explica.

Não somente com cobaias, mas também nos primeiros estudos clínicos em pacientes, tal protocolo consegue:

  • Bloquear as “vias de fuga” das células tumorais, limitando a disponibilidade de nutrientes e de fatores de crescimento;
  • Reduzir a inflamação;
  • Aumentar a capacidade do sistema imunológico de reconhecer diversos tipos de células tumorais;
  • Induzir contra as células tumorais suas próprias características. Durante o jejum, o bloqueio do crescimento é fundamental para a sobrevivência das células. As tumorais, que não param de crescer, têm uma probabilidade maior de morrer. “Elas são como pessoas que continuam a correr no deserto, debaixo do sol, sem água, em vez de buscar sombra e se hidratar”, descreve o autor.

Apesar dos termos científicos, a obra é bastante acessível para o público leigo. Amparado por 30 anos de pesquisas no campo da longevidade e 15 na área da oncologia, Longo enfatiza a importância do exercício e detalha dietas específicas para o câncer de mama, colorretal, renal, de próstata, pulmão, além de tumores ginecológicos, do sangue e sistema nervoso. Um fervoroso defensor da prática de restrição calórica, ele não propõe nada radical, como já havia escrito no livro “A dieta da longevidade” – e garante sua eficácia para prevenir doenças crônicas e outras enfermidades.

Como exemplo, aqui vão os principais pontos de uma janela de restrição calórica de 12 horas, ou seja, a pessoa se alimentaria das sete às 19h, voltando a comer às sete da manhã seguinte:

  1. Siga sobretudo (mas não exclusivamente) uma dieta vegana, evitando ao máximo os alimentos de origem animal.
  2. Opte por peixes com alto teor de ômega 3, ômega 6 e vitamina B12 (salmão, anchova, sardinha, bacalhau, dourada).
  3. Se tiver menos de 65 anos, mantenha o consumo de proteínas baixo: 0,8 grama por quilo de peso corporal. Isso significa 48 gramas de proteínas por dia para quem pesa 60 quilos; ou de 70 a 80 gramas para quem pesa de 90 a 100 quilos.
  4. Entre as principais fontes de proteína, estão feijão, grão-de-bico, ervilha e legumes, assim como oleaginosas (sementes de abóbora, linhaça, nozes, amêndoas, avelãs).
  5. Se tiver mais de 65, será necessário incrementar um pouco o consumo de proteínas, aumentando a ingestão de peixe, ovos, carne branca e derivados de leite de cabra e ovelha, a fim de preservar a massa muscular e garantir o aporte de nutrientes.
  6. Reduza ao mínimo as gorduras saturadas, provenientes de fontes animais (carnes e queijos), e proceda da mesma maneira em relação aos açúcares.
  7. Coma cereais integrais e grandes quantidades de hortaliças, utilizando até três colheres de sopa de azeite por dia.
  8. Não coma nas três ou quatro horas antes de dormir e não pule o café da manhã.
  9. G1
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